quinta-feira, 7 de junho de 2012

Meias Velhas


Meias Velhas

Era um dia fora do comum em relação aos dias anteriores do ano. Fim de maio, os termômetros já começavam a pregar umas peças.
Sozinho com seus pensamentos, sentando meio sonolento, ainda  6h38 da manhã, perdido em uma nuvem de frio que o cercava ardentemente a semiótica de sua mente. Ainda mais para Jung que para Freud, com o olhar perdido para a bacia de roupas limpas. Embora já estivesse trocado com o uniforme da escola, sabia que aquele dia, se a meia não fosse bem gostosa e quentinha ia passar muito frio: "odeio frio no pé" pensou. Pegou a meia velha nas mãos, mas ao abrir percebeu o furo na meia, bem discreto, mas perceptível a qualquer pessoa que o visse sem sapatos e logicamente como Murphy determina, aquele era dia de esportes e seus pés ficariam a mostra em meio aos colchonetes. Observou atentamente as meias novas... lindas, autênticas, vistosas.
Neste momento seus pensamentos distantes são interrompidos pelos gritos sussurrantes de sua mãe para não acordar o pai que sai um pouco mais tarde:

“ – Tá querendo atrasar de novo, moleque!!!! Vamos embora, coloca logo esta porcaria, até parece que nunca escolheu meias!”
Obviamente a mãe não entenderia que as pessoas iriam ver a meia furada, então, mais que depressa passou a mão nas novas e seguiu seu caminho. A peça selecionada foi colaca no carro, entre meio pão adormecido e um copo de yogurt que engoliu no percurso curto, porém demorado.
Quando saiu do carro, sentiu um desconforto enorme. As novas meias não eram tão macias quanto a antiga, ainda não tinha ganhado o formato do pé, amaciado com a lavagem, nem ganhado uma marca personalizada: a medalha de honra – o furo do chulé! Ela apertava, era meio áspera e não esquentava tão bem. O casamento entre esta e seu calçado, era um erro, fadado cruelmente ao divórcio. Na aula de esportes, possou frio, pois ficou sem as meias, já que a nova combinação tinha formado bolhas em seus pés.
Por ser menino muito ativo, Júnior nunca sentia frio, mas quando seus pés estavam descobertos... isso o deixava muito nervoso e gélido. Passou um dia estressante e ao final da aula de esportes só não voltou descalço para casa, porque a inspetora de alunos não o deixou ficar sem seu calçado, mas ele preferiu colocar os sapatos, sem aqueles carrapatos sugadores de conforto. Mesmo correndo o risco de ficar com chulé quando chegasse em casa com os pés suados.
No aconchego de seu lar, tomou um banho longo e quente, como aqueles que tomamos no inverno, que a gente demora para entrar e quando entra não quer sair. Ao se trocar foi até a bacia, pegou a sua meia velha, com furo, colocou nos pés e os massageou intensamente, como se somente aquelas meias, por mais antigas, pudessem  trazer a ele o conforto de seu universo pessoal.
Percebendo tudo aquilo ainda sentindo um calafrio na espinha e um aperto no peito: correu, abraçou a mãe com carinho e pensou: "minha meia velha". 



sábado, 2 de junho de 2012

 Nunca pensei na historia de minha existencia,que fosse estar viva para presenciar algo tao maligno, peverso...
Não pensei em um momento se quer que isso pudesse existir...
Não ha porque chorar, não há como não chorar....
Mas o chorar incessantemente é a única coisa que se produz frente a esta aterrorizante voz!
Vejam... "a violência é tão fascinante e nossa vidas são ão normais, você passa de carro e sempre vê apartamentos acessos, tudo parece ser tão real" ...
Que vida, vamos levar? Que futuro estúpido vão nos mostrar??
Qual legado? Quem sabe do que se trata o legado de cada...?
Os corpos, corações e mentes estão tão preocupados em buscar suas próprias resposta que esqueceram de perguntar o óbvio, o trivial, na verdade o VITAL...