O movimento dos sozinhos

Sentada no meu possante 1.0 prata; Peguei a estrada e me dirigi ao trabalho. Nada de muito importante. Percebia o movimento na estrada, com o caminhão à frente não podia fazer mais nada que não manter a alta velocidade de 50km/h. Claro, aproveitando a paisagem que por mais comum que fosse pra mim andar por aquela estrada, sempre tem algo que podemos tirar do que acontece à nossa volta...
Tirando a visão do Morfis que não saía de minha cabeça com o CD Hello no último volume e a raiva do carro lerdo da frente, ganhando até mesmo do caminhão; imagens surgiam em minha mente, como eu conhecendo pessoas no meio da estrada, como aquelas 3 senhoras que faziam caminhada no acostamento, ou os dois moços se alongando usando o ponto de ônibus como barra.
Mas aos poucos me surgiam coisas porque eu sempre digo aos meus amigos que preciso conhecer gente nova, e me imaginava parando o carro no acostamento e dando carona ao casal que aguardava o ônibus, na estrada; ou ainda sentava do lado de um moço sozinho em outro ponto de ônibus... sentava ali, ficaria conversando até a carona dele chegar. Carros, todos com apenas uma pessoa: o motorista, assim como eu... ali... enfileirando mais carros, deixando minha mente, suja como a fumaça que sai do escapamento daquele caminhão velho. Finalmente... os caminhões encostam para a pesagem... somente para a pesagem porque ninguém viu a nuvem negra que se instalou quando ele parou, ou melhor, viram....
Mas o carro da frente como já ressaltei não colaborou, o jeito foi ultrapassagem na estrada sinuosa, com curvas fechadas e pouco espaço para manobras arriscadas... Vamos lá...
Placa na mão da moça : RIBEIRÃO PIRES e polegar para cima... paro o carro... acho que poderei oferecer carona, mas novamente retomo o olhar para a estrada e percebo que foi apenas mais um lapso de minha mente imaginativa. Nos dias de hoje, quem pediria carona? Nos dias de hoje, quem daria carona? Será que isso precisa ser assim?? O movimento dos sozinhos ainda é mais forte.